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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Entrevista coletiva “O Encantador de Cães” : Cão é reflexo do estado de espírito do dono, explica Cesar Entrevista com Cesar Millan - Seriado "O Encantador de Cães"


Quarta-feira, 2 de setembro de 2009



Recentemente estreou no canal pago Animal Planet a 3ª temporada da série “O Encantador de Cães”, estrelada por Cesar Millan, mexicano especialista em comportamento canino, notório por conseguir resolver uma ampla variedade de problemas, desde cães agressivos até outros marcados por traumas e manias diversas.
Em entrevista coletiva concedida por telefone, o especialista falou sobre a carreira, o programa na televisão e técnicas para entender os animais:

Como você se prepara para cada caso mostrado no programa?
Cesar Millan: Bom, a verdade é que nunca sei o que vai acontecer em cada caso. A produção só me diz que horas vamos gravar e os produtores mesmos é que assistem os vídeos e selecionam os cães para cuidar.
Prefiro não saber nada assim tenho a surpresa, quero experimentar o momento em que conheço o cachorro e ele conhece a mim. Isso é importante porque dessa forma eu avalio o presente, o que acontece naquele momento, e não o que foi gravado e enviado no vídeo. Assim eu consigo manter um relacionamento fresco e sincero. Um problema comum é que muitos de meus clientes vivem pensando no passadou ou projetando o futuro e deste jeito eu consigo fazê-los pensar no agora, no presente.
Por outro lado, me preparo fisicamente, faço caminhadas todas as manhãs e sempre levo comigo um grupo de cinco ou seis dos meus cachorros para me ajudar. Não sei se o cão que vou cuidar está ansioso, nervoso ou o que seja, então levo um dos meus que vai me ajudar a definir isso.

Qual foi o caso mais difícil que você lidou?
Cesar Millan: Meus casos mais difíceis são sempre com as pessoas, não os animais. A pessoa demora a entender que precisa tratar o cão como animal e não como um ser humano.
O cão deseja apenas ser feliz, agir naturalmente e muitas vezes o obstáculo que o impede não é a agressividade, medo ou ansiedade, mas sim o fato de que o dono não quer que o cachorro seja um cachorro.

Você acredita que os animais se comunicam pela energia e que podem, de certa maneira, serem reflexos do estado de espírito de uma pessoa?
Cesar Millan: Claro, absolutamente. O cão expressa como você se sente, mas não por palavras. Se há tensão na casa o cachorro fica tenso, se há medo ele fica com receio e da mesma forma com sentimentos positivos. Mas ele não nasce sabendo isso, ele aprende na sua casa.
Por isso, quando vou à casa de uma pessoa sei que ela vai me contar uma história, que pode ser real ou não, mas o cachorro vai me contar a verdade.
Uma vez, um mexicano chamado Ernesto foi mordido por um cachorro na Cidade do México. Ele se mudou para os Estados Unidos, criou uma família e os filhos queriam um cachorro. Como ele morria de medo de cães, veio me pedir ajuda e explicou que tinha "medo de qualquer tipo de cachorro, até chihuahuas.
O que fiz? Coloquei ele no meio de um monte de cachorros. Como todos estavam treinados foram brincalhões, caso contrário sentiriam o mesmo medo de Ernesto e o teriam atacado. É como a natureza funciona.

Muitos treinadores concordam com você que é importante trabalhar a energia do animal. Porém, muitos são contra os seus métodos, consideram eles muits fortes e repressivos. Por exemplo, poucas vezes se vê no programa você premiando os cães com biscoitos ou coisa do tipo. O que você acha sobre isso?
Cesar Millan: O caso é que há diferentes formas de premiar um cachorro. Realmente é um costume premiar com um biscoito quando ele faz algo que desejamos.
O problema é que aqui na América os cães são estimulados exageradamente e assim não conseguem ter uma mente tranquila e relaxada. Por isso também é bom premiar com relaxamento e amor, sem a excitação. Não quer dizer que não se está fazendo algo de bom para o cachorro, mas sim que algo está sendo feito de forma pacífica. O cão sente sua energia, ele sabe que você está feliz por causa do que ele fez.
A maioria dos meus casos no programa envolve cães agressivos, hiperativos, nos quais premiar com empolgação pode ser um equívoco.
Recentemente ajudei uma professora de psicologia que tinha problemas para lidar com dois chihuahuas. Sabe qual era o problema? Carinho em excesso. Você pode desequilibrar totalmente um cão ao lhe dar muito afeto e torná-lo agressivo.

Você acha que nasceu com um dom para lidar com cães?
Cesar Millan: Quando eu nasci eu vivi com uma pessoa que tinha esse dom, que foi meu avô. Ele morava no rancho e não explicava muitas coisas, mas havia muito para ver e aprender com ele.
E eu acho que levei o conhecimento dele a um nível superior: ele lidava com grupos de sete, oito, dez cães no máximo, já eu faço o mesmo com 30, 40, 50 cachorros.
Acredito que o dom que Deus me concedeu foi ter um avô como ele.

Por que você decidiu fazer programas de televisão?
Cesar Millan: Eu já tinha um comércio estabelecido no sul de Los Angeles, um lugar de poucos recursos. Mesmo assim chegavam a mim para cuidar cachorros de Beverly Hills, Bel Air, cachorros cheios de dinheiro, alguns até chegavam em limusines.
Essas pessoas começaram a falar bem do meu trabalho e logo começaram a chegar ligações de Nova Iorque, cartas do Canadá, Inglaterra, Irlanda, Escócia e outros lugares. Nunca fiz propaganda e ainda cobrava barato pelo serviço, mas com isso fui ganhando a confiança dos Estados Unidos.
Na época eu estava ilegal no país, mas tive a vantagem de então já ter como amiga Jada Pinkett Smith [atriz e esposa do ator Will Smith] que me recomendou aprender a falar inglês e me mandou uma professora para ensinar o idioma.
Meses depois fui entrevistado por uma pessoa do [jornal] Los Angeles Times que perguntou o que eu gostaria de fazer agora que já era amigo de diversas celebridades. Eu disse: "gostaria de ter um programa de televisão". A frase foi publicada em uma edição de domingo e na segunda já havia produtores querendo saber como seria o show.

O que você acha de centros estéticos e spas para cães e outros animais?
Cesar Millan: O melhor é que, obviamente, um cão balanceado, equilibrado, seja levado a um lugar desses, mas de maneira geral a experiência é mais para o ser humano. A pessoa é que está ganhando com isso - muitas vezes são pessoas que não levam o cachorro para passear ou algo do tipo e levando a um salão de beleza tiram um pouco do sentimento de culpa.
Eu corto pêlos de cachorros e sei como é importante a estética. O cão se sente melhor e as pessoas ao redor vão preferir se relacionar com um cão limpo e bem cuidado.
Mas qualquer coisa além disso já não interessa ao cachorro. Ele não sabe o valor das terapias aromáticas, por exemplo.

O ENCANTADOR DE CÃES (TERCEIRA TEMPORADA)
Episódios no canal pago Animal Planet até dia 13 de setembro às terças (19h e 22h), quartas (1h, 5h e 16h), sábados (19h) e domingos (12h e 21h)

Reportagem publicada, em setembro/2009, no endereço:

http://noticias.uol.com.br/ultnot/bichos/ultnot/2009/09/01/cao-e-reflexo-do-estado-de-espirito-do-dono-explica-cesar-millan-estrela-do-seriado-o-encantador-de-caes.jhtm

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"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil
"A questão não é a de saber se o animal pode pensar, raciocinar ou falar... a questão é: Eles podem sofrer?” Jeremy Bentham
 
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