Ele é apenas um filhote, aliás um filhotão.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Street
Ele é apenas um filhote, aliás um filhotão.
sábado, 26 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
Acácia e Agláia
Elas são irmãzinhas.
Funny
"Ola, meu nome é Funny.
Ha! Também adoro crianças, convivi com crianças desde pequeninha. Por favor, me adote!!
Ela está castrada, é uma linda e saudável cadela de porte médio.
Inácia II
A Inácia II foi esterilizada dia 15 de janeiro de 2010.
Fogos de artifício no Natal e Reveillon : Seu perigo para os animais.
Entrevista: Sempre tem um humano causador do abandono do animal
sábado, 6 de dezembro de 2008Entrevista: "Sempre tem um humano causador do abandono do animal"Por Fabíola Hauch e João Vicente Kurtz Os tempos atuais vivem um período de crescente, embora lenta, conscientização ambiental. Mais e mais pessoas se voltam a essa causa, fazendo sua parte para a criação de um mundo que se desenvolva de forma sustentável. A ONG Amigo Bicho, por exemplo, escolheu como frente de batalha lutar em prol da criação e aplicação das leis de proteção aos animais em Passo Fundo. Em menos de dois anos, a entidade afirma ter ajudado em torno de 380 animais. Mas se engana quem pensa que a cidade é o único foco de atuação do grupo: o desastre climático em Santa Catarina mostrou o potencial de mobilização do Amigo Bicho na arrecadação e envio de doações. Entrevistamos o Amigo Bicho por e-mail, pois segundo a vice-presidente Diane Tauffer, sempre a possibilidade de ser "mal interpretada". As perguntas foram respondidas por ela e pela presidente Maria de Lourdes Secorun Inácio.
1) O Projeto Amigo Bicho surgiu quando um grupo de pessoas preocupadas com o descaso das autoridades municipais resolveu se unir e trabalhar para que as leis de proteção aos animais fossem cumpridas em nossa cidade. Que descaso é esse? Com um ano de funcionamento, quais as mudanças alcançadas pelo projeto? O descaso se dá quando leis federais, estaduais e municipais não são cumpridas. Como, por exemplo, a Lei Federal 9.605/98 que dispõe sobre crimes ambientais, que diz: ".....Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Poucas pessoas têm conhecimento destas leis. Nosso intuito é divulgá-las para que todos possam cobrar a efetivação das mesmas. Se recorrermos às legislações Federais, Estaduais e Municipais teremos fundamentação legal nestas e em outras inúmeras leis para exigirmos que os animais e o meio ambiente sejam respeitados e preservados. Em Passo Fundo há um convênio entre prefeitura e CAPA para que a entidade recolha, abrigue, castre e atenda denúncias de maus tratos. Fato que poucos tem conhecimento, mas tendo em vista o grande número de animais abandonados a entidade não tem conseguido atender a contento os serviços a que se propôs. O Amigo Bicho surgiu justamente para levar a população à reflexão sobre as leis existentes, se o cumprimento das mesmas está sendo realizado a contento e também para se fazer presente em campanhas educacionais e de esclarecimentos sobre o direito dos animais. Em um ano de funcionamento, conseguimos mobilizar a população para que cobre dos órgãos competentes a responsabilidade que lhes é devida. Conseguimos através de campanhas via e-mails, blog e material impresso divulgar para a população quais os caminhos seguir para denunciar maus tratos, abandono, negligência. Também participamos de reuniões com a promotoria pública para tratar da questão dos animais de rua, programas de televisão, rádio, jornal e revistas, além de termos nesse período conseguido castrar e doar 280 animais entre cães e gatos. Nossa maior conquista tem sido a conscientização das pessoas, que já despertaram a consciência para o compromisso do humano com outras espécies e têm colaborado nas campanhas para castração e doação de animais abandonados. 2) Em termos ambientais, quais os maiores problemas de Passo Fundo? As autoridades responsáveis pela proteção dos animais cumprem seu papel quando solicitadas? Não temos condições de responder sobre questão tão genérica. Mas sugerimos que sobre a questão ambiental o grupo Guardiões da vida ou o GESP, que têm feito um sério trabalho de conscientização sobre os problemas ambientais de Passo fundo e região são mais capacitados para responder. Somos parceiros e trabalhamos unidos mas enfocamos nosso trabalho sobre a questão dos animais de rua. Cada um exercendo com competência o trabalho ao qual se dedicou formaremos um grande elo de proteção animal e ambiental. Sobre a questão das autoridades cumprirem seus papéis é necessário primeiro que se esclareça que papel cabe a que autoridade. Da forma colocada fica muito genérico e tratamos de questões específicas. À Secretaria do Meio Ambiente, por exemplo, cabe o papel de atender denúncias de maus tratos, isto é uma de suas funções. Nossa cobrança e dialogo tem melhorado muito o desempenho da secretaria, apesar de ainda deixar a desejar. 3) Vocês fazem questão de frisar que cada voluntário é responsável pelos animais que encontra. Quais as maiores dificuldades no tratamento dos animais? Sim, cada voluntário é responsável pelo animal que encontra. O Amigo Bicho não possui abrigo. Lembrando: somos contra abrigos porque essa é uma forma de deseducar a população que acaba vendo no abrigo a solução para o animal que não quer mais ou o animal que está doente, velho, etc. Trabalhamos com o intuito de despertar a consciência e a responsabilidade de cada ser humano. O voluntário recolhe, abriga, ajudamos na alimentação e medicação se necessário, intermediamos a castração e auxiliamos na doação. Trabalhando desta forma todos são responsáveis e se comprometem com a vida e o destino do animal que encontrou. Queremos que cada voluntário do Amigo Bicho seja parte da solução do problema e não que traga apenas o problema. Todo trabalho realizado com o comprometimento dos voluntários dá certo e lutamos para que cada dia mais pessoas façam parte dessa corrente de solidariedade para com os animais. As dificuldades nos tratamentos dos animais doentes são financeiras. Não dispomos de recursos, pois não recebemos verba pública. O Amigo Bicho sobrevive graças às doações dos voluntários e simpatizantes, às campanhas de arrecadação de alimentos, medicamentos, rifas, vendas de camisetas e eventualmente atividades festivas. Sem recursos financeiros, é quase impossível trabalhar. Digo quase porque apesar de não contarmos com uma quantia fixa realizamos inúmeros atendimentos. Outro problema grave também é onde colocar o animal quando convalescente. Nem sempre nossos voluntários dispõem de espaço para abrigar um animal doente. 4) No início do projeto, vocês já deviam ter noção de que estariam envolvidos com cães e gatos. Entretanto, na metade do ano, vocês acabaram cuidando também de um tatu. Como foi essa experiência? No início do projeto não tínhamos apenas a noção, tínhamos certeza que, mesmo tendo um projeto de educação, posse responsável, castração, seria inevitável nos envolvermos com animais de qualquer espécie. Nosso amor aos animais não é direcionado a este ou aquele – Amigo Bicho não escolhe o animal que vai cuidar, apenas o faz com amor e dedicação. A experiência com o tatu foi igual a de tantos outros animais que diariamente nos ocupamos. O diferencial foi a repercussão causada na imprensa. Apenas isso. Assim como alimentamos com mamadeira cães e gatos abandonados, o fizemos com o tatu, com oito gambás que estavam presos à bolsa da mãe morta, outros cinco salvos com sucesso, e libertos em área de proteção com auxílio do grupo ecológico e de biólogos. 5) O Amigo Bicho realizou uma assembléia, na época das eleições, para escolher oficialmente que candidato apoiar. Como foi essa mobilização e que resultados ela trouxe? Com o final do período eleitoral, quais as expectativas para o próximo mandato? Na primeira pergunta você mencionou "quais as mudanças alcançadas pelo projeto?": essa foi uma mudança significativa. Foi um fato inédito em Passo Fundo, porque inúmeras outras cidades já tem representante de grupos de defesa ambiental e animal. Conseguimos, em pouco tempo de mobilização, um número expressivo de votos ao candidato escolhido por consenso entre os grupos de proteção animal e ambiental. Isto foi uma grande conquista e temos certeza que mudamos a forma de olhar de inúmeras pessoas que nos viam apenas como "algumas pessoas que cuidam de bichinhos". O grupo de proteção animal e ambiental é o que mais cresce no mundo todo e junto com ele cresce a nossa força representativa. Não traçamos metas para o próximo mandato. Nos enfocamos em questões mais próximas e urgentes. Mas com certeza nossa união trará resultados benéficos a causa. Lembrando que essa causa não é apenas nossa: é de todos. 6) Outra grande mobilização foi para a prestação de auxílio no desastre de Santa Catarina. A ação do Amigo Bicho foi parar na Zero Hora e, de lá, se espalhou por vários blogs, repercutindo na internet. Vocês esperavam essa visibilidade? Ela ajudou em algo? A mobilização para ajudar os animais flagelados de Santa Catarina não visou repercussão, isso decorreu de forma natural. Nossa sensibilidade para com o sofrimento dos animais não visa manchetes e sim a ajuda. Mas foi positiva porque mostrou, como citado anteriormente, que a conscientização das pessoas em relação a causa animal está crescendo. A sensibilização das pessoas foi motivo de satisfação porque tivemos provas de que não lutamos sozinhos, estamos cercados de pessoas que vêm nos animais não apenas o inferior, mas o diferente. Aquele que sente fome, frio, dor, medo, tristeza da mesma forma que os humanos mas que são diferentes e por isso merece nosso respeito, atenção, dedicação e principalmente que somos responsáveis por seu bem estar. 7) Ainda sobre a questão de Santa Catarina, já é difícil para as autoridades resgatarem pessoas. Quais outros problemas se agregam quando lidamos com animais? Não colocamos a questão neste patamar. Dificuldades se apresentam como um todo. Pensamos que o direito à vida é igual para todos. Todos somos criaturas com direito à vida. Como citado anteriormente, não vemos superior/inferior e sim diferentes. Mas diferentes com um mesmo dom – a vida. Temos inúmeros relatos de pessoas que se recusaram a ser salvas caso seus animais não fossem junto. E a solução surgiu. Algumas pessoas ainda colocam prioridade sobre a vida, para nós a vida de qualquer espécie é importante e merece o mesmo respeito. O maior problema é mudança: mudança de comportamento, de atitudes, enfim. Vemos como uma questão cultural que será mudada gradativamente, através da educação. Apenas através de campanhas educacionais, projetos elaborados em conjunto com poder público, secretária da cultura, da saúde, do meio ambiente, médicos veterinários e defensores de animais e meio ambiente poderão ocasionar formas de pensar diferente da atual. Quando o homem se conscientizar que respeitando qualquer forma de vida ele estará construindo um mundo mais humano estaremos no caminho para um mundo melhor. Distante, mas possível. 8) Quais fatores justificam a presença tão grande de animais abandonados na cidade? Na maioria dos casos os animais foram abandonados por seus donos ou têm donos, mas têm liberdade para perambular livremente. Esses cães desassistidos (sic) se reproduzem, gerando filhotes indesejados que seguem o ciclo. As causas do abandono são: animal velho ou doente, viagem de férias, filhote que tem comportamento considerado indesejável, o animal defeca em lugares indesejados, separação do casal, morte de um dos cônjuges ou crias indesejáveis. Mas devemos lembrar que sempre tem um humano causador do abandono do animal. Também podemos ressaltar que caso houvesse políticas públicas para controle populacional esse problema seria controlável, assim como já está acontecendo em inúmeras cidades, como Taboão da Serra, que foi a pioneira a implantar o sistema de controle populacional através de campanhas de castração e educação. Cidades como Santa Maria e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, já seguem esse exemplo, assim como inúmeras outras cidades do Brasil. Por que não implantar em Passo Fundo aquilo que está dando certo em outros lugares? Vamos lutar para que isso aconteça. 9) Vocês defendem a castração como forma de evitar a proliferação de animais, porém os preços desta prática são altos. Existe algum projeto em andamento para tornar isso um serviço obrigatório e gratuito? Existem negociações em andamento. 10) Recentemente, o CAPA e o Amigo Bicho ajudaram na captura de um homem que vendia vacinas falsas. Como isto ocorreu? Qual a pena cabível para esse tipo de prática? Ela é justa? Eram falsários e devem responder por crimes como falsidade ideológica... Justa? Não entendi. Crimes devem ser passiveis de punição. E os atos desses indivíduos ocasionaram mortes em animais de estimação. Pessoas foram ludibriadas. É justo? |
SOS Santa Catarina - Agradecimento
Coordenador da RESA-Rede Catarinense de Solidariedade aos Animais
Instituto Ambiental Ecosul
Florianópolis/ SC
Fone: 48-9969.4660
sábado, 12 de dezembro de 2009
SOS Cavalos de Carroça
O Hospital Veterinário da UPF mantém desde 2006 e vem atendendo gratuitamente cavalos dos carroceiros em Passo Fundo.
A Associação Amigo Bicho se faz presente através da voluntária Diane Tauffer que intermedia o trabalho e a aproximação dos professores e acadêmicos junto aos carroceiros.
Hoje já são mais de 300 animais cadastrados que recebem vacinas, vermífugo, atendimento clínico e cirúrgico gratuitos.
O coordenador do SOS é o Professor Leonardo Porto Alves.
O SOS é mantido pela UPF e no seu início recebeu auxílio financeiro de alunos da Universidade de Michigan nos EUA, que inclusive já visitaram os animais que ajudaram a ter uma melhor qualidade de vida, um verdadeiro “tour” por bairros e vilas carentes em nossa cidade.
Nas fotos vê-se alguns do atendimentos realizados nos anos de 2006 e 2007 nos bairros Bom Jesus, São Luiz Gonzaga, Parque Farroupilha, Santa Marta e Valinhos, além de muitos outros nichos de carroceiros em nossa cidade.
Mesmo com chuva foi realizado o atendimento no Bairro Valinhos no dia 28.11.09.
Foram atendidos 13 animais dos cerca de 30 previstos.
Na sequencia as fotos do atendimento.
MV Gabriela com o Sr Chicão presidente da Associação do Papeleiros de PF, que cedeu o espaço para a realização do atendimento.
PRECE DO CAVALO DE CARROÇA
(Adaptação da Prece do Cavalo. prece campeira, de autor desconhecido, quase sempre afixada nos galpões, estábulos e CTGs)
" Dá-me de comer e mata-me a sede, e terminado o trabalho, guarda-me num local asseado, seco, ao abrigo das intempéries para descansar em conforto.
Fala comigo, tua voz significa para mim o mesmo que as rédeas.
Afága-me, às vezes, para que te possa servir com mais alegria e aprenda a te amar.
Não maltrates minha boca com o freio, nem me faça correr ao subir uma ladeira.
Nem exceda em peso a carroça que traciono, para te auxiliar a levar o pão de cada dia a mesa de tua família.
Eu te suplico; nunca me agridas e nem me espanque quando eu não entender o que queres de mim, mas dá-me uma oportunidade de te compreender.
E quando não for obediente ao teu comando, vê se algo não está errado em meus arreios ou maltratando os meus pés.
E finalmente quando minha utilidade terminar, meu corpo adoecer e não houver mais jeito, não me deixe morrer de frio ou de fome, à mingua, nem tão pouco me vendas a alguém cruel para que seja lentamente torturado até a morte.
Mas bondosamente, meu amo, sacrifica-me, através das mãos qualificadas de um veterinário, e teu Deus o recompensará para sempre.
Não me julgues irreverente se te peço isso, em nome daquele que também nasceu em um estábulo.
Assim seja."
(autor desconhecido)
Calina
É super-ativa e brincalhona como todo gato bebe.Não foi fácil fotografá-la.
Vejam o estado do papai noel!!!
Foi retirada de um lar onde seria jogada na rua com sua mãe e irmãos
Zaide
Felizmente foi entregue a uma de nossas voluntárias em ambas as lamentáveis ocasiões.
As sequelas do abandono e maus tratos são visíveis no desespero que ela demonstra.
Ela precisa de um bom e amoroso dono, que compreenda o espírito felino.
É bem jovem e já está castrada
IV Convenção Nacional de Afiliadas WSPA.
Estiveram presentes entidades de todo Brasil.
A Associação Amigo Bicho se fez presente com a participação em todos os eventos realizados. As diretoras Maria de Lourdes Secorun Inácio e Diane Tauffer que mais uma vez puderam desfrutar do conhecimento, não só dos profissionais altamente qualificados, mas também da troca de experiências com os colegas.
As pautas discutidas foram de interesse nacional e pela primeira vez foi introduzido tema dos animais silvestres E nossa cidade foi representada pela ONG Convidas, na pessoa da brilhante Thaiz Codenotti.
O encerramento foi realizado pelo atual diretor da WSPA que veio especialmente ao Brasil para participar do evento e ter um contato mais próximo com os protetores de animais domésticos e domesticados.
Aos amigos e companheiros de causa fica nossa imensa gratidão pelas informações partilhadas.
A excelente programação que apesar de cansativa foi de extrema importância para a continuidade de nosso trabalho e a certeza de que estamos trilhando o caminho correto.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Cãotinho Literário
Ética e Animais
Ricardo Timm de Souza
Prof. PUC-RS
Quem têm sido os animais ao longo da história do poder humano? Podemos iniciar caracterizando o que, por efeito dos impulsos de conquista humanos, de seu ímpeto no sentido de tentar "transformar o universo em um gigantesco campo de caça" (ADORNO; HORKHEIMER, Dialética do Esclarecimento), os animais não têm podido ser: co-autores da sustentabilidade ético- ecológica do planeta, ou seja, "outros". Máquinas vivas, alvos fáceis da vontade de destruição racional, objetos de exploração de todos os tipos, de tortura, de decoração e uso, sem falar em alimento sempre à mão, os animais experimentaram desde sempre todo tipo concebível de violência humana. Incapazes de argumentar senão com sua existência nua, expostos a todas as agruras por existirem sem poderem se contrapor a seres empenhados não apenas em reduzir obsessivamente a existência da realidade externa a uma função sua, mas em determinar absolutamente o valor de realidade do Outro que si mesmo exclusivamente a partir de categorias destiladas por seu próprio cérebro, algo mais desenvolvido em suas funções cognitivas, os animais não-humanos ocuparam sempre o lugar de alvo predileto de uso violento-objetificador da vida pelos animais humanos..
Se é verdade que em todos os níveis da vida, da relação ser humano-natureza, evidenciou-se uma contínua disposição de transformação da natureza para fins poucos sustentáveis — situação que ninguém hoje ignora exatamente pelas reações da própria natureza como um todo, por exemplo, na questão do aquecimento global —, é ainda mais verdade que em relação aos seres animados, e especificamente aos animais superiores, uma tal violência contínua cultivou e deu à luz os piores frutos da mania objetificante do homo sapiens. É uma questão de justiça histórica, e de justiça para com os vencidos em estilo benjaminiano e derridiano, lembrar que, até não muito tempo atrás, filósofos subiam a cátedras para explicar que as expressões de dor de animais vivissecados e torturados não eram de dor, mas reações maquínicas de uma máquina, já que aos animais faltaria a razão — talvez a razão de que se serviam tais filósofos para destilarem tais argumentos.
Todos esses fatos nos ajudam a perceber de forma cabal que, se é verdade que a crise que ora vivenciamos tem proporções inusitadas — e tudo leva a crer que tal se apresenta mais e mais como límpida verdade, como se pode observar pelas exigências que a natureza como um todo faz à ação humana, ultimato cuja alternativa é o extermínio dessa doença — o homem — que grassa sobre a pele da terra, como diria um Nietzsche — então é hora que se perceba finalmente, como já se sugeriu bem ao início do texto, que a categoria filosófica realmente adequada para conceber a existência dos animais é a Alteridade. Como toda realidade — não apenas a realidade humana — também os animais estão infinitamente além da capacidade de representação que deles se tenha, e o ônus da objetificação é exclusivamente de quem.
Assim, a frase de Adorno, “A filosofia existe propriamente para fazer justiça ao que se dá no olhar de um animal”, assume um novo sentido: repositório de Alteridade desconsiderada pelos grandes tratados, os animais olham-nos desde o fundo da existência mesma, particular e não-intercambiável, totalmente singular por mais que sejam multidão, irredutível a generalidades ou ontologias gerais. Sua vida fala de outro modo que meramente existindo: chama- nos a atenção, de modo pertinaz e infinitamente repetível, para a banalidade dos assassinatos, cometidos em série ou não, que têm, além de objetivos pragmáticos, objetivos crípticos de anular outras modalidades de existência, e evidenciam de modo definitivo os limites da capacidade representacional do intelecto identificante. Pois, ao contrário do que diz Levinas, também os animais podem ser assassinados (e não meramente "mortos"), e não apenas os homens, e o são tanto pelo menos tanto quanto os homens o são.