Cuidado com os fogos de Artifícios

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cãotinho Literário

Campanha do Lixo
Maria de Lourdes Secorun Inácio


A campanha veiculada em carros para que não se jogue lixo no chão trás como comparação o comportamento do humano ao de um porco. Isto fica explícito claramente porque consta a figura de um porco e a frase: “É assim que você fica quando joga lixo no chão”.
O ponto relevante é o fato de atribuir características humanas ao porco. Esse antropomorfismo ao inverso se apresenta de forma pejorativa e do ponto de vista ético, moralmente inaceitável. O porco merece respeito e direitos.
A Intolerância humana para com animais como cobras, porcos, corvos, pombos e pardais são vítimas comuns dos biointolerantes.
A biointolerância é o hábito humano de atribuir intenções a outros seres acaba levando a essa atitude. Ela pode ser definida como a antipatia que se direciona a criaturas que vivem ao ar livre e geralmente cuidam de suas próprias vidas, mas que o fazem de uma maneira que é considerada rude, irritante, egoísta ou desprezível.
Em alguns momentos, age-se para favorecer os heróis ou arruinar os bodes-expiatórios, cujo maior pecado, na maior parte das vezes, é ser apenas natural.
Na maioria das vezes tem-se uma história para justificar as ações mais agressivas contra animais não-desejados. O animal é uma espécie invasora e não pertence a este lugar. Ou é uma espécie nativa, mas sua abrangência foi estendida de forma não-natural através do desmatamento. Ou ele gosta de nosso lixo e de parques descuidados e por isso tem uma injusta vantagem sobre criaturas mais exigentes, mas igualmente relaxadas.
Em algum momento o homem começou a se achar portador do senso de direito divino sobre a natureza. Isto fica evidente na postura paradoxal em relação aos animais. De um lado, eles são as amadas figuras da infância. Do outro, muitas das comparações mais pejorativas nasceram no curral: seu porco nojento, sua vaca preguiçosa, seu frangote, que bando de ovelhas.
O ser humano é um tipo de animal dentre outros do reino animal, assim o respeito pelo animal resultará em um respeito pelo humano.
Segundo Alfredo da Cunha: “os animais simbólicos como é o porco servem ao homem para talhar as carapuças que pretendem enfiar nas cabeças dos seus próximos”.
Assim, podemos dizer que o porco está se tornando bem menos porco que muitos outros.
Deixem de lado as comparações pejorativas aos animais e preocupem-se em humanizar o humano não o animal!!!

*** Este texto é de responsabilidade do autor, e pode não refletir a opinião da Associação Amigo Bicho.

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"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil
"A questão não é a de saber se o animal pode pensar, raciocinar ou falar... a questão é: Eles podem sofrer?” Jeremy Bentham
 
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