Prezados amigos e parceiros da Rede WSPA. Com respeito à indicação para trabalhar com a WSPA na região sul na eventualidade da ocorrência de desastres, recebi várias manifestações carinhosas de apoio e incentivo, algumas até extremamente generosas e sinto-me no dever de passar algumas informações.
As ações desenvolvidas pela RESA-Rede Catarinense de Solidariedade aos Animais, conforme foi apresentado aos que participaram da Convenção das filiadas da WSPA entre os dias 04 e 06/12 em BH, foi um trabalho em equipe diretamente com vários colegas do Ecosul, da WSPA, dos Bombeiros Voluntários de Navegantes, de outras entidades e voluntários independentes que atuam nas regiões atingidas pela catástrofe, citados nominalmente ao final da nossa apresentação e indiretamente por todos vocês e outras entidades, também registradas nos resultados apresentados.
Minha participação foi basicamente estabelecer um planejamento emergencial para criação e operacionalizaçã o da RESA e racionalizar recursos e esforços, no sentido de fazer chegar aos animais em dificuldade tudo o que obtivéssemos através da mobilização o mais breve possível, tomar algumas decisões emergenciais, acompanhar o desenvolvimento do estabelecido, participar dos grupos de ativistas "de campo" e o que é mais agradável, sair nas fotos.
Como a mobilização, favorecida por esta ferramenta hoje imprescindível que é a informática e a internet surpreendeu pela resposta obtida não só em alimentação, medicamentos e outros recursos quanto na oferta de mão de obra, tivemos que estabelecer uma logística minimamente exequível, de forma a evitar desperdícios, resultados contrários ao proposto e dividendos de alguma forma negativos para o movimento de bem-estar animal representado pela RESA.
Neste sentido, é oportuno registrar que inúmeros parceiros conhecidos e desconhecidos contataram imediatamente se disponibilizando a vir para Santa Catarina trabalhar nas ações de socorro aos animais. Tivemos que administrar esta questão com todo o cuidado para não melindrar e nem mesmo estimular o deslocamento de pessoas de outras regiões não só do estado como do Brasil, sem um plano de ação para esta mão de obra preciosa, sem equipamentos e recursos para lhes proporcionar a segurança e o conforto necessários e tampouco permitir que por erros de avaliação ou ausência de informações mais precisas da situação das regiões atingidas, principalmente quanto às necessidades materiais, aos riscos, a atuação dos ativistas locais e o universo de animais atingidos, ao invés de solução, pudéssemos estar criando mais problemas ainda.
Da rede WSPA, tivemos várias ofertas de mão de obra, sendo que a primeira foi a Dra. Vânia Nunes, além da própria WSPA que não só ofereceu como imediatamente encaminhou o Dr. Verner Payne e a Dra. Mônica Almeida, que tiveram participação ativa e decisiva nas ações de campo, pela formação, experiência, profissionalismo e capacidade de coordenação que possuem.
Não havia determinação nem o menor interesse das autoridades em dispender esforços e recursos ou permitir o acesso de ONGs, ativistas e sociedade civil aos locais atingidos para assistência e resgate de animais em geral. Houve preocupação relativa, por motivos óbvios, com a mortandade e integridade de animais de interesse econômico. Quando buscamos apoio e autorização para adentrar às áreas atingidas a resposta foi que nos mantivéssemos distantes para evitar novas vítimas e que as equipes de socorro e resgate de humanos fossem ocupadas garantindo a vida de pessoas que deviam ter permanecido em segurança em suas casas ao invés de se aventurarem pelas regiões atingidas.
Tanto é verdade, que quando conseguimos adentrar às regiões mais críticas, consideradas "zonas vermelhas", foi com permissão e acompanhamento dos "Bombeiros Voluntários" de Navegantes.
Havia inclusive veladamente, mas perceptível para mim, a torcida para que algo desse errado, que algum dos ativistas que participaram das incursões e outros que atuavam nas cidades atingidas em socorro aos animais fosse vitimado, para consolidar a teoria institucional oficial de que somos um "bando de aloprados" e que por causa de um cão ou um gato, se machuca ou perde-se uma ou mais vidas humanas.
Por isto nossa responsabilidade para com os participantes era imensa, assim como imensa foi também nossa torcida para que nenhum acidente ou incidente fosse registrado. Porque deixar um parceiro soterrado em alguma região crítica ou retornar com algum numa maca, para o movimento de bem-estar animal teria sido criado mais um mártir, mas além de comprometer o trabalho e o conceito da corporação dos Bombeiros Voluntários de Navegantes, teria consolidado a teoria estatal e selado definitivamente nossa possibilidade de participar futuramente destas ações em socorro a vidas não humanas, que torcemos para não ser mais preciso, mas sabemos que infelizmente temos que estar preparados, pois outros episódios certamente virão.
Felizmente, além do profissionalismo, maturidade, responsabilidade e respeito às normas de segurança estabelecidas pelo comandante dos Bombeiros Voluntários por parte de todos que participaram das operações de campo, aliados à proteção divina não permitiram que nenhum sobressalto, acidente ou ferimento maior ocorresse a não ser algumas picadas de insetos e arranhões. Nada que uma borrifada de mertiolate ou um curativo feito por um bom médico veterinário não resolvesse.
Aproveito para mais uma vez agradecer a todos o apoio e envolvimento e fazer uma referência especial ao irmão Fowler que esteve de plantão "on line" comigo 25 horas por dia ao telefone, virtualmente e por todos os meios possíveis e com seu "cartesianismo" auxiliou na coordenação das ações e o que foi mais importante, esteve disponível com uma palavra amiga, uma opinião, uma sugestão e até uma crítica construtiva sempre que eu me sentia inseguro, entrava em conflito ou precisava de uma opinião rápida sobre que rumo tomar para determinada situação.
E fazendo este agradecimento pessoal e nominal ao Fowler, homenageio a todos as ONGs, ativistas independentes e pessoas comuns da sociedade civil que estiveram conosco de alguma forma em todas as horas do dia, durante todo o período que perdurou a catástrofe e posteriormente, quando continuamos trabalhando para recuperar e restabelecer as condições de normalidade e atuação das ONGS e ativistas das regiões afetadas, para a continuidade de nossa missão de amenizar o sofrimento dos animais não humanos.
Ninguém que não percorreu a pé as regiões atingidas de Ilhota, Alto Baú e Baú Central como as equipes da RESA, tem a noção exata do que e porque uma tragédia desta dimensão ocorreu naquela e em outras regiões do Vale do Itajaí. Somadas, nossas 3 incursões iniciadas e terminadas pelos 3 únicos acessos ao Morro do Baú totalizaram 20 horas de jornada.
Um abraço a todos e desculpem a extensão do texto.
Halem Guerra Nery
Coordenador da RESA-Rede Catarinense de Solidariedade aos Animais
Instituto Ambiental Ecosul
Florianópolis/ SC
Fone: 48-9969.4660
Coordenador da RESA-Rede Catarinense de Solidariedade aos Animais
Instituto Ambiental Ecosul
Florianópolis/ SC
Fone: 48-9969.4660
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