Cuidado com os fogos de Artifícios

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Você pode ter um gato?


Faço seguidamente essa pergunta às pessoas que me procuram para adotar um gatinho. Parece absurdo para alguns, outros olham achando que sou maluca. Mas, o fato é que nem todas as pessoas têm a capacidade de conviver com um gato. Esse animal amado e odiado, tido como divino por uns e animal demoníaco por outros, polêmico por natureza, traz a tona caráter e aspectos da personalidade das pessoas.

Muitos não conseguem conviver com um ser que não responde ao chamado, não brinca quando o humano quer, tem hábitos de higiene e horários próprios, escolhe seu lugar de dormir (geralmente ao lado do humano). Difícil passar a noite sem se movimentar para não incomodar o parceiro ao lado, até porque ele pode reclamar e você perde o privilégio de tê-lo como companheiro (ao menos por algumas horas).

Esses são alguns dos motivos pelos quais pergunto se a pessoa pode "ter" um gato. Pois a máxima é válida: "você não tem um gato, o gato é que o tem".

Além da personalidade forte, o humano tem que ser maleável, saber dividir, respeitar o espaço do outro, compreender as crises de humor, aceitar a independência, ser tolerante (quando a sua poltrona favorita vira alvo das garras), estiver preparado para demonstrações de afeto e de ira e acima de tudo isso, ter muito amor para dar. Se a pessoa for capaz disso ela vai ter um companheiro terno, fiel, extremamente higiênico, carinhoso, com uma percepção agudíssima (aquele chato do qual você sempre desconfiou - seu gato tem certeza).

Parceiro nas horas que você não está bem, ele é o primeiro a perceber isso e a não sair do seu lado. Nem sempre nas suas efusivas manifestações de alegria ele vai estar presente (humano é muito barulhento), mas nos momentos de carência ele estará ronronando ao seu lado, pode estar certo.

Nada do que afirmei acima tem comprovação científica (a menos que eu tenha deixado de ler), mas vem de uma vida de convivência e amor pelos animais, em especial por gatos.

Hoje tenho o prazer de desfrutar a companhia de nove deles. Em casa são quatro: A Juliete que tem 11 anos é a líder, a Princesa (de uma ninhada recolhida há três anos na rua foi a única não adotada), a Isaura que estava destinada a uma família que não pode ter gatos, e o J.J. (João Júnior) que foi o maior presente que recebi este ano. Foi recolhido na rua recém-nascido e eu o alimentei na mamadeira (ia dizer amamentei), é o bebê da casa e o centro das atenções. No trabalho tem o João, a Bu e o Dunga.

O João é, acredito eu, o gato mais famoso de Passo Fundo, inclusive já estamos pensando em mudar o nome da loja- ele é a maior atração- nada mais justo. A Bu e o Dunga são seus sobrinhos, ele me ajudou a criá-los, acalmou-os e deu-lhes a certeza de terem um lar. Os dois foram espancados junto com mais um irmãozinho que não sobreviveu, mas o João me ajudou a salvá-los e tem um amor profundo por ambos. O coração do João é amor, carinho, todos os bebês que recolho são recebidos por ele com deliciosas lambidas de boas vindas e demonstrações de afeto indescritíveis.

Para completar, em Porto Alegre, no apartamento dos meus filhos, moram a Angélica e a Bianca. As duas recolhidas da rua, a Angélica com um temperamento forte (às vezes até eu ela consegue tirar do sério), mas o amor que ela tem por minha filha, a gratidão expressa naquele olhar felino me fazem amá-la tanto quanto aos outros. A Bianca é dengosa, pede carinho toda hora e espera você virar as costas para fazer arte, odeia celular e desfila com seu rabo de espanador como se fosse uma rainha.

Esses são meus moradores fixos, tenho hóspedes temporários que escolhem as famílias com as quais vão conviver. Deixo sempre claro que se a convivência for difícil, por favor, tragam-nos de volta. Eles sempre serão bem recebidos e minha relação com a pessoa que devolveu não será alterada. Eu só quero que o amor seja recíproco e que ambos se sintam bem um com o outro.

Portanto se você está pensando em adotar um gatinho, leia atentamente o que escrevi. Posso afirmar que é ótimo conviver com eles, tão bom que se eu pudesse não colocaria nenhum deles para adoção, ficaria com todos. Mas seria muito egoísmo privar as pessoas da oportunidade de conviver com tão maravilhosa criatura.



Como dica: você já leu a "Ode ao Gato" do Pablo Neruda?

Maria de Lourdes Secorun Inácio
Foto: Alexandro Vaz

Um comentário:

  1. Dona Lourdes, em janeiro/2009 adotamos o Apolo, um gato tigradinho que escolheu o meu filho para ser seu dono. O william havia perdido seu gato Snowie num acidente e o Apolo o consolou. Apolo é um gato maravilhoso, conquistou nossa família... Obrigada por tê-lo acolhido e nos dado a chance de adotá-lo. Luciane Braga - Santo Ângelo-RS

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"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil
"A questão não é a de saber se o animal pode pensar, raciocinar ou falar... a questão é: Eles podem sofrer?” Jeremy Bentham
 
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