Cuidado com os fogos de Artifícios

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Comunicado: Encerramento do SOS Mari

Amigos!

Vocês que estão recebendo este email são as pessoas que tornaram possível que o SOS Mari se estendesse por tanto tempo.

Comunico a todos que deixarei de assistir a Mari e seus animais.

Aqueles que sabem o endereço e quiserem levar donativos estejam à vontade. Conseguimos conquistar a confiança dela e, portanto, é só dizer o nome da Amigo Bicho que ela os receberá. Conquista essa que não foi feita apenas através das doações, mas com a honestidade e a transparência do nosso trabalho.

Peço apenas que não revelem onde ela reside, pois isto poderia causar mais abandonos de animais em sua porta.

Outra opção é a de comprar rações na Certagro Pet Shop. Eles têm serviço de tele-entrega e sabem o endereço dela.

Foram oito meses de assistência. Apesar do desgaste e de ter trabalhado muito, (teve semana que fui 3 vezes), pouco se fez, muito pouco.

Foram castrados 12 animais através de apadrinhamento. Meu agradecimento sincero e de coração à Nicole de Não Me Toque e à Rose de Passo Fundo. Outros foram castrados com donativos e recursos da AB.

Dezenas de filhotes morreram pelos cantos à míngua. Alguns adultos, devido ao estado lastimável em que se encontravam, foram eutanasiados por profissionais habilitados. Acompanhei todos e tenho os laudos comprovando a necessidade do procedimento.

O processo de regularização do terreno voltou para a justiça e está em andamento, pois não foi deferido pelo juiz. Existem irregularidades e a advogada que fez o usucapião foi intimada para resolver o problema.

O pedido de aposentadoria foi protocolado no INSS que ainda não deu nenhum parecer. O advogado voluntário trata desta parte diretamente com a Sra. Mari.

Não conseguimos ajuda do poder público, a não ser uma carga de brita que usamos para colocar no pátio. A justificativa é de que o que ela faz é proibido em perímetro urbano, portanto ilegal.

Meus agradecimentos também a Senhora Marli que aos poucos está murando o pátio para evitar fugas e que outros cães entrem quando as fêmeas estão em cio.

Às pessoas que participaram do mutirão de limpeza agradeci inúmeras vezes. Reitero minha admiração.

De início assumi sozinha o que justifico pelo fato da Mari não permitir que estranhos entrassem em sua casa. Hoje, pela falta de pessoas que auxiliem no translado de animais, no socorro dos mesmos e por presenciar as coisas que acontecem lá dentro com aqueles bichos não suporto mais carregar este fardo. Tem sido demais para mim. Isto está afetando meus estudos, minha saúde e minha vida pessoal.

A Amigo Bicho não faz recolhimento de animais, portanto não conta com voluntários para este tipo de procedimento.

Compreendo que todos têm compromissos e peço que entendam que eu também os tenho.

A Mari continuará necessitando de ajuda para alimentar o número crescente de animais. O abandono é constante, senão acontece na porta da casa dela, acontece nas proximidades e ela não consegue deixá-los para trás.

Uma grande vitória foi que ela tem dito não aos oportunistas que aparecem com cães adultos em seu portão fazendo chantagem. Mas os filhotes ela não consegue deixar para trás.

A padaria reduziu os donativos de pães. No começo eu enchia o porta- malas, pois de carrinho de mão ela não conseguia trazer muita coisa. Não é mais assim.

O Mercado Central da Moron, por intervenção do amigo Juliano P., doa ossos todos os sábados e segue a disposição caso alguém se comprometa em buscar e levar até ela. Eu me ponho à disposição para explicar como funciona. O açougue próximo a casa dela deixou de doar a meses e a distância para ela se deslocar ao centro da cidade para buscar os ossos torna-se impossível.

Então amigos, sem os ossos e sem os donativos que através de nossas campanhas estávamos arrecadando, com certeza os bichos voltarão a passar fome.

O local de trabalho de nossa diretora executiva, Maria de Lourdes, deixará também de ser local de arrecadação, pois isto tem causado inúmeros transtornos. Infelizmente muitos confundem o trabalho voluntário na AB com o ambiente de trabalho, fato que os prejudica em demasia.

Àqueles que desconhecem o endereço da Mari, reforço que não tenho autorização de revelar.

Também quero deixar claro que este trabalho assistencial realizado vem contra os preceitos e a ideologia da A. Amigo Bicho. Somos contrárias a existência de abrigos, fato já publicado e conhecido por todos. E também contra certas situações que os animais são obrigados a enfrentar em locais como a casa da Mari. Eu os desobedeci e arquei com as conseqüências na esperança de que o drama dela fosse resolvido ao tornar público o sofrimento desta mulher e de seus animais.

No sábado dia 31.10 a cena que presenciei foi o que faltava para que eu tomasse esta decisão. Infelizmente sou obrigada a agir como todos agem a respeito desta situação. Aquilo que meus olhos não vêm meu coração não sente.

Vou carregar, com certeza, o peso de saber o que aqueles animais enfrentam dentro daquele pátio e a minha impotência diante disso.

O envolvimento emocional com ela e com cada um daqueles cães tornou-se um pesadelo e eu já não tenho mais forças de lutar.

Hoje dia 10.11 eu a comuniquei por telefone sobre a minha decisão. Não creio ser necessário descrever a reação dela. Antes mesmo que eu falasse, ela me pediu ração. O tenho são apenas uns 20 kg arrecadados pela loja Parfeito.

Sábado dia 14 pela manhã irei pela última vez. Aqueles que tiverem donativos nos encaminhem o mais rápido possível. Dia 13.11 serão esterilizados os 4 últimos animais dos pacotes pagos pela Sra. Rose e pela Srta Nicole. Os atestados das cirurgias e os recibos serão enviados a ambas.

Agradeço profundamente a todos. Minha eterna gratidão a cada um de vocês!

Atenciosamente,

Diane M. Tauffer



"...E Deus pegou um punhado de vento do Sul, soprou sobre ele e criou o cavalo." (Lenda Beduína)

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"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil
"A questão não é a de saber se o animal pode pensar, raciocinar ou falar... a questão é: Eles podem sofrer?” Jeremy Bentham
 
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