Cuidado com os fogos de Artifícios

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cãotinho Literário

Olhares Noturnos
Maria de Lourdes Secorun Inácio

Aquele fim de semana na casa da amiga ajudaria a espairecer. A noite fora agradável, todos reunidos na cozinha, tomando vinho e conversando, às vezes uns falando ao mesmo tempo em que outro, mas fora divertido. A família era animada e os assuntos navegavam de um para o outro sem muito escarcéu.
A mesa com bancos fixos nas laterais internas acomodava várias pessoas e os bancos avulsos próximos à bancada divisória assentava confortavelmente as outras que ora bebericavam o vinho, ora lavavam alguma louça na pia.
A dona da casa espiava as panelas e de onde estava fazia-se ouvir quando emitia sua opinião sobre o assunto do momento.
Fora dormir satisfeita com os novos amigos e com as conversas entabuladas.
O despertar brusco daquele pesadelo a fez levantar-se da cama. Sem acender a luz do quarto saiu tateando as paredes até chegar à cozinha. Um copo d'água acalmaria sua ansiedade.
Pela janela da cozinha penetrava uma réstea de luz que deixava o ambiente sombreado, assombrado. O tamanho dos armários e da cozinha agigantou-se ante seus olhos semicerrados. Não seria necessário acender a luz, pensou, tinha observado que sob a pia ficava além do café, pães e outras guloseimas, o bebedouro de água mineral.
Tentou abrir um dos armários para pegar um copo, em vão. Seu tamanho mignon não permitia alcançá-los. Arrastou um banquinho bem próximo ao armário que imaginara ter copos dentro.
Um par de olhos faiscantes pareceu fulminá-la; - Bobagem, ainda estou assustada com o pesadelo, com os cães enfurecidos que me perseguiam, estou agitada e suscetível às visões imaginárias.
Tentou outro armário, próximo ao microondas.
Outro par de olhos. –Será que estou ainda dormindo?
Aqueles com portas de vidro, próximos a teve! Lá estariam os copos não lembrava exatamente onde ficavam também com tantos armários...
Novamente dois pares de olhos a fitaram reluzentes.
Gritos sonorosos, chiados bélicos, copo para um lado, corpo para outro, sangue nenhum jorrara de suas veias. O pulsar do coração ecoava em seu cérebro.
Rostos espantados surgiram e as luzes se acenderam.
Os gatos saíram tranqüilos da cozinha.

Foto:  Alexandro Vaz

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"Não comer carne significa muito mais para mim que uma simples defesa do meu organismo; é um gesto simbólico da minha vontade de viver em harmonia com a natureza. O homem precisa de um novo tipo de relação com a natureza, uma relação que seja de integração em vez de domínio, uma relação de pertencer a ela em vez de possuí-la. Não comer carne simboliza respeito à vida universal." Pierre Weil
"A questão não é a de saber se o animal pode pensar, raciocinar ou falar... a questão é: Eles podem sofrer?” Jeremy Bentham
 
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